Aviso importante:

A visualização deste blog fica melhor em computador. Todos os textos (e esboços) postados neste blog são de autoria de Solange Perpin
(Solange Pereira Pinto). Portanto, ao utilizar algum deles cite a fonte. Obrigada!

quinta-feira, 27 de abril de 2006

Bruna Surfistinha e arte brasileira

27 Abril, 2006





O fenômeno "Bruna Surfistinha", a ex-garota de programa que numa iniciativa visionária abriu debate e polêmica por todo o país, é agora assunto no blog narrando seus programas, Raquel Pacheco, é best seller com "O doce veneno do escorpião.

Não tenho dúvida da inteligência e ousadia (principalmente) de Raquel, a ex-Bruna, que numa iniciativa original polemizou sobre as máscaras que cobrem a prostituição, a clientela, e, ainda mais, revela o país do futebol e do carnaval que não consegue falar sobre sexo tão abertamente como se imagina.

Se temos mulheres peladas nas avenidas o ano todo, temos uma exposição corporal de um país latino e tropical, temos também um moralismo palpitante que constrói uma hipocrisia brilhante. No dia 20 deste mês diretores do Banco do Brasil em Brasília retiraram do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro a obra "Desenhando em Terços", da artista plástica Márcia X, que integra a exposição "Erótica - Os Sentidos na Arte".


A exposição, que ficou em São Paulo durante quatro meses e foi vista por cerca de 56 mil pessoas, não sofreu na paulicéia qualquer reclamação sobre a obra censurada. Mas, na cidade maravilhosa dos biquínis fio-dental, topless e calor de 40º, a foto foi retirada, sob protestos da curadoria, por ter Banco recebido “centenas de reclamações”.


De um lado artistas indignados e retirando, em forma de protesto, suas obras da exposição, de outro, membros da sociedade católica Opus Christi, que tentam manter "Desenhando com Terços" fora do CCBB, entraram nesta semana na Justiça pedindo que a obra seja vetada em todo o país.


Ao que parece precisamos que os segredos de Bruna Surfistinha ganhem ainda mais destaque. Que seu livro seja mais que emblemático. Que a igreja mande vestir anjos nus. Que José, marido da virgem Maria, mãe de Jesus, que levou uma corneada de Deus e assumiu um filho que nem era seu, reivindique sua honra. Que o Cristo censurado, no enredo “Vamos vestir a camisinha, meu amor”, de Joãozinho Trinta, em 1989, volte às ruas. Se temos hoje bandeiras do Brasil cobrindo nádegas, virando bolsas, cangas, temos também outras leituras sociais. Ou então devemos levar os representantes da igreja para o plenário para impor moralidade política. Ora, que país é esse? Nesta hora fico com Nelson Rodrigues, todo casto é obsceno! É debaixo das batinas que mora o pecado... Alguém duvida?

sábado, 22 de abril de 2006

Aos poucos


22 Abril, 2006


Foi no dia 11 de novembro. Tia Carmelita não deixava espaços vazios. Como um polvo de mil braços, escrevia muitas histórias. O casarão da Rua 1 de Março tem sua fachada simples. Durante 93 anos minha tia cuidou de deixá-lo vivo. Coleções de livros, obras de arte, manuscritos inéditos. Guardava em cada cômodo os textos vivos de uma vida intensa e bem experimentada. Os móveis modernos misturavam-se aos adereços antigos. Objetos de viagem disputando lugar com outras quinquilharias da cidade. Caixinhas, caixonas, baús, discos, estatuetas, vídeos, linhas, agulhas de tricô, miçangas, máscaras, lenços coloridos e outras tranqueiras. Nossa, passear entre seus guardados sempre foi aventurar-se num mundo quase mágico. Não havia de se imaginar a próxima descoberta. Não se sabia se o teto nos comprimiria ou se nos tornaríamos gigantes. Tia Carmelita sabia onde encontrar desejos e transformar minutos entediados. Cabeça ágil, dedos voláteis. A organização de tudo tinha lá uma lógica, digamos, da perspectiva de um pintor barroco. Ela sabia onde estava cada nuance, cada detalhe, onde estava o ponto de fuga. Talvez por instinto ou pela própria natureza tudo se encaixava em algum lugar. Para muitos era uma desordem pura e detalhes demais. Não para ela e seu casarão. Naquela tarde de domingo, quando soube da herança, meu coração bateu em disparada ao futuro. Como tomaria conta da vivacidade impressa naquele casarão continental? Lá estavam os seis quartos com banheiros, a sala de estar, a sala de jantar, a cozinha, a área de serviço e suas dependências. Num afã, de quem pega um novo brinquedo para montar, comecei trocar de lugar as coisas. Sempre imaginava o que faria se aquele lugar fosse meu. Era lúdico e desafiador. Quando a bagunça parecia geral, depois de muito mexer daqui e dali, refleti porque não deixava tudo como estava antes. Que necessidade era essa de mexer, de mudar tudo? A casa tinha o jeito de tia Carmelita e agora havia que ter o meu jeito... Estranho isso... Cada armário que abria, cada buraco de esquecimento que encontrava, me arremessava contra mim mesma. Apunhalava minha consciência. Expunha minha vaidade. Engrandecia meu poder. O legado era agora meu. Percebia que alguns apetrechos se ressentiam na mudança. Uns se quebraram. Eu estava exausta de olhar para o mundo que estava pela frente a arrumar. Aqueles objetos conviveram por anos junto aos seus pares. Numa ordem praticamente natural. Por hora, o destino deles pertencia a mim. Sentiriam a falta de tia Carmelita? Melhor não pensar nisso. Estavam em minhas mãos. Sentada em frente à grande arca, com olhos empoeirados e pensamento saudoso, entendi que precisava ir ao poucos. Por eles, por mim e por tia Carmelita. Saí do casarão e ele me acompanhou até o dia clarear.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Eu voltei...

17 Abril, 2006


Feriado prolongado. Aracaju. Mar. Sol. Vento. Lua Cheia. Hotel em frente à praia. Água limpa. Orla aconchegante e cuidada. Gente bonita. Beijo na boca. Sem hora pra dormir. Sem hora pra acordar. Piscina azul. Cerveja gelada. Caranguejo gordo. Livros de primeira. Papos de alto nível. Filosofia com gente interessante. Dinheiro no bolso. Paisagem fotográfica. Conforto. Comida boa. Serviço de primeira. Lençóis cheirosos. Toalhas brancas. Sono tranqüilo. Abraço apertado. Música de qualidade. Muita gargalhada. Sem telefone. Sem compromisso. Sem hora marcada. Pés descalços na areia. Ondas beijando as pernas. Lagosta na brasa. Violão ao luar. Vida leve. Assim se passaram três dias em meu pensamento.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Relaxando...



















11 Abril, 2006

Nos próximos dias vou tirar poeira dos ombros
e mergulhar nas águas de Aracaju...
Apesar do pouquíssimo tempo que passarei por lá,
serei intensa para desfrutar os prazeres
que só a beira-mar proporciona...

uma cervejinha...
um caranguejo...
um violão à luz de prata...
Serei brindada com uma lua cheia!

O cheiro de mar...
a brisa no rosto...
e um tempo legal para a cabeça...
Nossa, parece até minha primeira vez!

A emoção de poder reencontrar na areia
o descanço prometido para uma vida
que anda prá lá de atribulada!

Lá ficarei longe da vida virtual
e bem perto da natureza concreta...
Sem orkut, sem blog e sem MSN...

Não sei se olharei mais o sol
ou as estrelas...
Não sei se tomarei mais água de coco
ou caipirinha de lima...
Não sei se lerei mais linhas
ou usarei mais fala...

Não sei de nada, e como é bom não saber!

Vou para Aracaju com a alma livre
para pular ondas e sentir o sal correr pelo corpo...

Vou para Aracaju ficar mais perto do horizonte
e mais distante de uma vida de planalto...

Vou para Aracaju descansar sob coqueiros,
e adormecer em redes de balanço...

Vou para Aracaju chegar na ponta do mapa
e do pés para ver melhor o cometa...

É gente, finalmente vou para Aracaju
e quando voltar contarei o que se passou por lá...

beijão pra todo mundo!!!

Fui....

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Sobre a criatividade


3 abril, 2006


Acredito que toda criação exige aquecimento. Assim como para correr ou caminhar precisamos nos alongar, para escrever precisamos esticar o olhar e aquecer as idéias. Para pintar precisamos esquentar os pincéis. Para o sexo precisamos das preliminares. Então, aquecimento, concentração, acolhimento são essenciais para a criatividade. No meu caso, uma conversa me aquece para uma crônica; a leitura de um livro gostoso me aquece para a leitura de um texto mais chato ou técnico; desenhar sem compromisso, rabiscando, me aquece para a pintura de um quadro... Cada um tem sua forma de aquecimento, de alongar as idéias e o espírito. O importante é encontrar o próprio jeito de caminhar...
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Eu, acompanhada

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