Aviso importante:

A visualização deste blog fica melhor em computador. Todos os textos (e esboços) postados neste blog são de autoria de Solange Perpin
(Solange Pereira Pinto). Portanto, ao utilizar algum deles cite a fonte. Obrigada!

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Devoradores




  O dia começa. A grana some. O trabalho aperta. O homem agarra. A mulher chora. A criança corre. O velho cai. A comida acaba. A passeata começa. O grito alastra. O povo sente. A morte chega. A gente pensa. 







Somos blocos de areia. Esculpidos pelo tempo. Dores sulcando. Alegrias alisando. Desespero aguando. O horizonte se corta. A maré derruba. A mão ergue.


Somos grãos de areia. Esvoejando ao momento. Sonhos iludindo. Mentiras acordando. Olhares se trombando. Famintos. Caramujos rastreando tocas. Para engolir. Grades. Comida. Gente.

Título: Quem engole o que?
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: Fotomontagem
Data: 28 de setembro/2006
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quinta-feira, 7 de setembro de 2006

3x4



sou lenta. sou frágil. sou pequena. sou devagar. sou preguiçosa. sou gorda. sou rabugenta. sou pequena. sou frágil. sou lenta. sou descabelada. sou precipitada. sou alienada. sou marrenta. sou frágil. sou lenta. sou pequena. sou faladeira. sou ingênua. sou chata. sou briguenta. sou lenta. sou pequena. sou frágil. sou irritada. sou burra. sou birrenta. sou infantil. sou lenta. sou frágil. sou pequena. sou doente. sou louca. sou otária. sou poeta. sou pequena. sou frágil. sou lenta. sou brega. sou mau. sou mimada. sou imoral. sou frágil. sou lenta. sou pequena. sou repetitiva. sou carente. sou descrente. sou docente. sou pequena. sou frágil. sou lenha. E o mundo que se exploda! em 3x4 em 3x4 em 3x4 em 3x4.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Blábláblá novo em cada amanhancer








imagens e texto por Solange Pereira Pinto



Blábláblá. Café da manhã. Escovar os dentes. Sair de casa. Blábláblá. Ser formiga. Ser cigarra. blábláblá. Rebobina. Dormir até tarde. Almoçar. Entrar na net. blábláblá. Ser cigarra. Ser formiga. Opção? Blábláblá. Vamos novamente. Acordar. Fazer isso. Fazer aquilo. Blábláblá. De outro jeito. Não acordar. Querer morrer. Blábláblá. De novo. Nem dormir. Levantar. Blábláblá. Outra forma. Amanhecer. Fazer amor. Sorrir. Blábláblá. Muda tudo. Madrugar. Pegar o ônibus. Trabalhar. Blábláblá. Inverte. Levantar cedo. Entrar no carro. Pendurar o paletó. Blábláblá. Agora do avesso. Barriga vazia. Descer o morro. Blábláblá. Muda a fita. Hospital. Bala perdida. Blábláblá. Troca o canal. Criança na escola. Lancheira. Caderno e lápis. Blábláblá. De outro tom. Menino na rua. Chiclete no sinaleiro. Moedas. Esporros. Blábláblá. Câmera lenta agora. Mulher parindo. Marido bêbado. Greve. Blábláblá. Outra vez. Mulher dando a luz. Marido presente. Hospital particular. Blábláblá. Troca o filme. Soco na cara. Cabeça quebrada. Um par de tênis. Blábláblá. Corta! Repete. Mulher vai às compras. Babá de uniforme. Motorista espera. Blábláblá. Muda a cena. Chefe puto. Salário atrasado. Fila grande. Blábláblá. Troca a lente. Homem alto. Bom terno. Carro do ano. Blábláblá. De outro ângulo. Casal passeia. Quadra tranquila. Arbustos verdes. bláblábla. Reticências. Mais um dia começou. 


terça-feira, 5 de setembro de 2006

Júlia foi à feira com seus balões







Hoje (4/9) – Na Feira do Livro de Brasília teve conto e poesia. História pra criança curiosa (que lá pouco havia).

No Café Literário estava "Júlia e os Balões". Grandes, coloridos e até pequeninos saíam voando dos olhos de André Neves, que contou um pouco sobre como é ilustrar livros infantis.

Ao lado de Marco Coiatelli, o “pai” da menina dos balões, Neves falou sobre essa boa parceria, e, também, sobre o “anonimato” em que vivem os ilustradores. “Toda criança sabe o nome do autor da história, mas quantas sabem quem fez os desenhos?”.

É verdade André, poucos se recordam daqueles emprestam o olhar desenhado que ajuda a fantasia ganhar contornos, colorindo ainda mais as páginas recheadas de imaginação.


Ler um livro ilustrado é com certeza ganhar duas histórias de presente. Que o diga os leitores pequeninos!


Durante o bate-papo André declamou uns versos. E, eu, que já havia comprado o livro, fiquei namorando um trechinho da história de Coiatelli, ou melhor, uma fala de um dos balões de Júlia “somos muito felizes com as surpresas da vida e, enquanto não partimos, brincamos de fazer o outro feliz...”





É. Literatura se parece com esse brinquedo capaz de fazer a gente voar.


Solange Pereira Pinto


domingo, 3 de setembro de 2006

Série - Postal de poesia



Título: Empilhadeiras voláteis
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: Postais de poesia
Data: Rio de Janeiro, 1997
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Entre Parênteses - É isso. A única coisa que remexer não dá é tranquilidade. Sobra angústia ou saudade. Que pode ser boa. Ontem revirei guardados. Encontrei postais de poesia que eu adorava fazer. Fiz muitos no Rio de Janeiro, numa temporada de férias. Fiquei namorando e relebrando a história de cada um. O bastidor. A viagem. Então resolvi compartilhar com vocês um pouquinho disso. Essa poesia asfaltada que empoeira a goela e nos transforma em empilhadeiras voláteis, equilibristas de outros corpos.

Eu, acompanhada

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