Aviso importante:

A visualização deste blog fica melhor em computador. Todos os textos (e esboços) postados neste blog são de autoria de Solange Perpin
(Solange Pereira Pinto). Portanto, ao utilizar algum deles cite a fonte. Obrigada!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sinto logo me abalo

Quando a gente se abala (enraivece, magoa etc), vem logo alguém dizer: deixa isso pra lá! esqueça! é assim mesmo! E dai eu penso: quando não me abalar mais e nem me surpreender é porque morri... enquanto houver sensibilidade haverá perplexidade e, sem a primeira, eu não existo. A segunda fica por conta das pessoas sem noção que aparecem no meu caminho. Soll, 15.12.2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mãe



Não somos péssimas mães não. o problema é que inventaram que mãe é "salva pátria" e isso é mentira. filho nasce pronto... desde aquele dia do X + Y. Mãe é apenas a expectadora e testemunha mais próxima da transformação da semente. Inocentemente - nós mães (culturalmente inventadas) - achamos que podemos transformar eucalipto em jatobá. E nem sempre somos da mesma espécie dos filhos, dai os conflitos. Algumas plantas não podem conviver juntas sem uma engolir ou secar a outra....

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Na onda



Tô vendo cada vez mais gente comprando neurose coletiva (como se a vida tivesse algum controle) pensando que a vida é peixe urbano! Se ligue que vida em grupo não é necessariamente um groupon...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Feira do rolo







"Troco papéis sociais por papéis estampados" 






SOllpp

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Horóscopiano


Bom dia pra vc que está alinhado com os astros! A força interior e a coragem vencerão a causalidade e a desordem dos acontecimentos. O intelecto, aliado ao conhecimento, predominará sobre o instinto. Dia propício a proteção, alegria, fertilidade. Anuncia uma mudança de ciclo,a nuvem negra vai passar e deixá-lo mais consciente e forte para enfrentar problemas. #oxalá #facebookiano

Devolva-se!

Quando sua vida sumir, sair para dar uma volta e demorar, vá atrás urgentemente dela.
Muitas vezes um sequestro de si mesmo é a salvação para dias melhores para sempre. 
Essas vidas estão muito saidinhas ultimamente... indo buscar ilusões de comercial ou de conversinha superficial de parentes artificiais, por que não mentirosos... 
Para esse tipo de sequestro, o resgate é si mesmo e a pena é salvar-se. Confie nesse crime necessário na pós-modernidade: sequestre-se! devolva-se!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AR-quivos







Ela nunca escolhia, acumulava.

domingo, 30 de outubro de 2011

Cui-DAR







A gente só alimenta e cuida, com toda dedicação, daquilo que a gente cria ou inventa?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

As capas dos livros que me revelam têm lugar especial





Intuitivamente fui me guardando nas estantes do escritório... os livros que guardo mais apreço e apego são aqueles que mais respondem minhas inquietudes. olhei para o lado esquerdo, neste minuto, e descobri pq a vida toda comprei certos livros ligados à cultura, contos, antropologia, fotografia, sociologia, folclore, mitologia e artes divinatórias etc.... #eureka

domingo, 23 de outubro de 2011

Cor-agem







sinto que o excesso de medo que me encolhe é sinal de muita coragem por perto...

sábado, 22 de outubro de 2011

Inimigos

às vezes se entra em uma batalha apenas para mostrar ao inimigo que ele é inimigo, pois de antemão já se sabe da desigualdade de forças e da derrota que virá. Ainda assim insistimos em ir para nos fazer representar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Et-al





Estamos na época do eu.
Doeu...
o eu é a meta 
e quem meteu? 
é o teu ou é o tal? 
até eu, ET. 
Et al. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Im-pulso





os "surtos" vêm junto com os papeis sociais que não queremos desempenhar naquele momento...

domingo, 4 de setembro de 2011

Quando queremos engolir a alma




Por Solange Pereira Pinto
4/9/2011




Não aprendemos a nos apaixonar pela mente de uma pessoa. Desde cedo nos ensinam a desconfiar de quem se aproxima de nós, a partir das observações de como se vestem, como agem e o que dizem. Infelizmente, nesta cultura, não nos ensinam a enxergar e valorizar o pensamento. Ou seja, o jeito como cada um constrói a sua própria realidade. Com o passar do tempo, isso fará muita diferença. Ainda que a gente mude, tem uma lógica que não se modifica tanto assim. É dela que vem a maneira particular de sentir e agir no mundo.

Dizem também que os sexos opostos não podem se admirar e, por isso, nutrir um grande desejo mutuamente sem as tais “segundas intenções”. E se assim acontece sentimos culpa.

Por vezes, achamo-nos inadequados (julgamos que estamos errados) se chega alguém e toma o peito de ardor e descompasso, quando a mente se ocupa todos os segundos da vontade de ver, rever, ouvir e alimentar ainda mais o feitiço que torna nossos dias tão mais interessantes e cheios de sentido (aquele mesmo que costumamos achar não existir quando a rotina se estabelece no cotidiano).

Não estou falando somente de amizade, sentimento fraterno de bem-querer, simpatia, grande afeição e cumplicidade. Refiro-me a encantamento. Aquele deslumbre raro que sentimos por uns poucos seres humanos. Sabe quando a gente não precisa falar e alguém entende porque pensa igualzinho? Ou simplesmente completa nossas frases com um olhar e um sorriso no canto da boca vem tão cheio de significados que o desejo é devorar o pensamento?

Tem quem nos penetra tão perfeitamente que se torna difícil resistir. É mesmo um feitiço e um poder mágico nos transforma. Começamos a imaginar aonde aquela pessoa se escondia que ainda não estava compartilhando todos os espaços e teorias de vida. A eterna busca e permanência junto aos iguais.

Mas qual é o problema que há nisso? Nenhum se a gente estiver sozinho ou não tiver um parceiro. Socialmente, escreveu-se que no casamento, namoro ou relacionamento dito sério não cabe paixão que não seja entre o casal. Mito que causa dor e sofrimento.

Há pessoas que necessitam de intensidade para viver e que a inteligência é uma capacidade tão admirável quanto um belo físico. E como manter a “fidelidade” psicológica se nem a física estamos dando conta nestes tempos mais que modernos? Não é torturante ter que reprimir o desejo de conhecer uma pessoa interessante se tudo o que mais fazemos na vida é tentar (aprender?) nos relacionar? Estaria o desejo físico, o tesão pelo corpo do outro, no mesmo patamar do desejo intelectual, a excitação pelo pensamento do outro? Podemos de fato ser livres sexualmente e mentalmente?

E o que fazer com os riscos que ameaçam a relação estável já estabelecida com aquele outro nem tão parecido assim? Nas diversas etapas da vida, cujos desejos se diferem e são típicos também da idade (ainda bem!), temos medo de romper os pactos de fidelidade, mas quais são eles? Sabemos que há casos em que a atração física leva ao envolvimento emocional e vice-versa. Há outros em que a admiração intelectual leva ao envolvimento físico e/ou emocional. Penso que são dimensões diferentes e raramente teremos (ou seremos) um companheiro que supra todas. Assim como nem sempre conseguiremos conter o que nos move nesta vida.

Há momentos e pessoas que nos fazem querer engolir a alma. Pergunto-me por que evitar se isso é tão humano e raro? No meu caso, o tesão passa bem mais rápido do que minha veneração pelos talentos do intelecto e da arte. E sei que cada caso é um caso, porém até hoje encontrei em meu caminho poucas pessoas dignas de reverência, a maior parte está nos livros, mas duas ou três ainda posso conversar ao vivo; e devorá-las com minha paixão. Viver as relações derivadas de tantos outros propósitos é muito bom, mas não há pacto que me afaste dos encontros com os iguais, pois isso me afastaria de mim. Não mais após os 40 anos de vida.


________________________________



Diz um mito que o poderoso Zeus (o deus supremo do mundo) engoliu viva sua primeira esposa Métis (deusa da astúcia e inteligência), grávida de Athena (deusa da sabedoria – logos –  e da justiça),  quando soube pelo oráculo (Gaia) que se tivesse uma filha, ela se tornaria ainda mais poderosa do que ele. Assim, para impedir o nascimento de Athena (que acabou por ser gerada na cabeça do soberano do Olimpo) ele engoliu Métis, que tentou escapar dele, mudando de forma várias vezes, mas acabou engravidando. Findo o período de gestação, o supremo deus começou a sentir terríveis dores de cabeça (pois enquanto a justiça não nasce, elas são inevitáveis). Desesperado e no limite, Zeus ordenou ao ferreiro divino Hefestos (Vulcano) que lhe abrisse a cabeça com um machado de ouro para tirar a deusa Palas Athena (imagem) Palas significa “a donzela”, para se manter sempre virgem e impor a autoridade de quem não se deixa seduzir ou corromper.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A senha de Realengo


Por Solange Pereira Pinto


O massacre, a chacina, a tragédia, o horror ou qualquer outro substantivo repulsivo que se queira usar deu ao brasileiro, nesta semana, uma satisfação incrível: indignar-se contra tudo e todos! “Olha aí meu bem, prudência e dinheiro no bolso, canja de galinha não faz mal a ninguém*”.

Mais do que copa do mundo e final de campeonato, apuração de carnaval ou reta final de eleições, o caso da Escola Municipal Tasso da Silveira, ocorrido no dia 7/4, em Realengo (zona oeste do Rio de Janeiro), trouxe ao país um sentimento de união e opinião. “Cuidado prá não cair da bicicleta, cuidado prá não esquecer o guarda-chuva. Conversa, bitoca, espera, passa o rodo para melhorar e chama prá dançar”.

Era a vez de repassar as mazelas do país, com muita ênfase e comoção. Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, assassino-suicida de 12 jovens estudantes e outros feridos, protagonizou o enredo que trouxe à tona tudo e qualquer coisa que estivesse debaixo do tapete e por baixo da vista grossa de cada um de nós. “Engenho de Dentro, quem não saltar agora só em Realengo. Engenho de Dentro, quem não dançar agora só no próximo baile em Realengo”.

Bullying, desigualdade social, violência, individualismo, fanatismo, fundamentalismo religioso, importância da família, facilidade de entrada em ambientes coletivos, insegurança escolar, videogames violentos, desarmamento da população, os papel das redes sociais virtuais, pânico social, tratamento dado a  crianças e adolescentes, sensacionalismo e espetáculo midiático, revitimização, competição desmedida, capitalismo selvagem, abusos, sucateamento do ensino, doenças mentais foram alguns dos aspectos comentados por aqui e ali. Momento luminoso, carinho, sensualidade, luxúria, fantasia, sonho, felicidade, você encontra na minha cidade. Você encontra nesta cidade”.

As explicações variadas vieram na tentativa de encontrar causas e culpados para o crime chocante da vez, que, paradoxalmente, abafa quaisquer outras misérias e descasos que acontecem ao mesmo tempo em que os traz ao foco pela via indireta. Foi assim que o assunto inédito no Brasil tomou conta do almoço, da carona, do café, do trabalho, do boteco num mexe e remexe incessante e, talvez, inócuo. Sonhando o dólar caiu, cruzeiro subiu. Numa boa! Tirei a escada e beijei Davidowa. Ela continua oferecida e sorridente. Chega sempre atrasada, mas me deixa contente... Olha aí! Ela quer  que eu esfrego. Ela quer que eu sacudo. Ela quer que eu sapeco. O que que ela quer? Ela quer um repeteco. Diz! O que que ela quer? Ela quer um repeteco

Ouvindo e lendo as incontáveis versões sedutoras para justificar a atitude do rapaz atirador, avistei uma catarse coletiva por meio da qual os espectadores purgaram suas paixões, sentimentos de terror, piedade, autorrepressões. E, mais, uma notável quase santidade individual, sem mea-culpa. “Dei bandeira dois prá não dá bandeira. Escuta finge que não vê. Enrola e roda a noite inteira... É tudo, nada é nada, assim filosofou Dom Maia. A cabeça do Olivetto é igual a uma cabeça de negro. Muito QI e TNT do lado esquerdo”.

Aos críticos e analistas da vida alheia, faltou expurgar as próprias mazelas. Reconhecer em si a contribuição para a ocorrência das tais “causas” atribuídas ao evento estarrecedor. Faltou a cada um dos espectadores e mensageiros assumir que faz parte do todo e da mesma cegueira em variadas dimensões. “O tiranossaurus REX mandou avisar que prá acabar com a malandragem tem que prender e comer todos os otários. Olha aí meu bem! Prudência e dinheiro no bolso, canja de galinha não faz mal a ninguém”.

Faltou dizer que crueldade e covardia se alternam conforme o lado em que se está da espada. Essa história em repetição é um oportuno e confortável desvio do olhar de si mesmo para a insanidade do outro. Wellington apontou o cano contra cabeças para mostrar que ninguém é inocente ou puro. Exaltou a condição humana e, também, o sofrimento calado dos invisíveis de toda natureza. Ele deu a senha. E incluiu na pauta brasileira muita munição (uma gama de temas), diuturnamente, disparada e responsável por outras vítimas a cada segundo, que provavelmente será esquecida até a próxima bala perdida em Copacabana. Engenho de Dentro, quem não saltar agora só em Realengo. Engenho de Dentro, quem não dançar agora só no próximo baile em Realengo”.




____________




*A autora do presente artigo utilizou trechos da música "Engenho de Dentro", de Jorge Ben Jor, no final de cada parágrafo para "ilustrar" as ideias durante o texto. 

terça-feira, 8 de março de 2011

Coque




A presilha azulada sustentava o amarelo das madeixas. No topo da cabeça, feito um tronco só, fios dourados se contorciam para domar a inquietude daqueles cabelos tingidos de ardor. Crescente.

A volúpia se alongava a cada entrelaçar com os senões, guardando nas ondulações do sim e não os cheiros. O perfume da terra molhada contrastava-se à secura retorcida dos seus ais noturnos. O tempo engavetado exalava, nas ranhuras que o dorso da cama tatuou, a fúria da fêmea. Retidos, os aromas ameaçavam o oco das curvas do medo. Súbitos. Devidos. Escapariam?

Calada seguia a formar seus feixes. Fachadas. Fechada. Velada. Sem grampos de metal, os tons amadeirados traziam – em coro – o silêncio dos desejos semi-esquecidos; reprimidos. Corava-se. Nos cabelos compridos sua ânsia não podia. Ela não devia. Não. Aprontava-se para o não. Escovava-se para o não. Iluminava-se para o não.

Seu pêlo solto divergia do seu peito duvidoso. Trançava suas angústias em laçarotes de fita negra tão logo raiasse o dia. Chamava e amarrava o não. Passava o momento. Ficava o tormento. Rotineiramente, gastava-se naquele caracol penteando o tempo. Rodeava repetidamente o temor de se perder. E se perdia.

Nas voltas do pente. Em cada dente. No labirinto da serpente. Uma tristeza voraz contente. Um impulso demente. Uma fuga urgente. Uma quentura clemente. Uma clausura consciente.

Amontoados em rodas contínuas retorciam-se os anos juvenis. No alto, o chumaço grampeava a pele lisa, a penugem leve, a firmeza do corpo. Era o cume, imaginava, que apoiava as incertezas das paixões, das ausências, das impossibilidades daquilo que se promete resistir. Sucumbir.

A nuca nua, devassada, exposta, gritante, repuxada servia manhã após manhã como atalho para se chegar onde não se sabe, mas se deseja. Dedilhava, cuidadosamente, suas mechas de saudade. E sentia entre as unhas quebradiças cada fio de memória. E esticava cada cacho de mocidade. E tentava prender, mais uma vez, em círculos a juventude.

O dedo indicador conduzia rapidamente o maço da cabeleira até o centro que lhe guiava. Girava, girava, girava, girava até formar o ninho, que os sonhos escondiam. Nos tufos, sobrava-lhe a retidão.

A mão rebolava compassadamente até chegar à ponta do rabicho freneticamente enrolado. Ela sabia quantas voltas eram esperadas, necessárias. Enclausurado, no rodopio, havia um vestígio de arrependimento. À rebeldia da juba afrontaria, outrora, o couro cabeludo ralo e falho. Não agora, inventava.

Do ápice, deslizou as palmas sobre o véu natural de seu rosto e tateou a rodela tecida em oposição aos olhos. Tentou desprender os nós, retirar as prensas, soltar o manto. Resistiu. Curvou. Intuiu. Ultrapassou a cortina dos ponteiros. Mirou o velho e desgastado portão de entrada do casebre, esticou os olhos sobre a rua de pedra e ajeitou mais uma vez o seu coque. Aquele mesmo que não amanheceria.

Por Solange Pereira Pinto 
em Goiás Velho, 8 de março de 2011.
Dia Internacional da Mulher e Carnaval...

Eu, acompanhada

Postagens mais lidas