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A visualização deste blog fica melhor em computador. Todos os textos (e esboços) postados neste blog são de autoria de Solange Perpin
(Solange Pereira Pinto). Portanto, ao utilizar algum deles cite a fonte. Obrigada!

sábado, 6 de novembro de 2021

Esboço de ideia - Autobiografia de uma lamparina

 


 

Quando nasci, precisei de muito gás para começar a dar meus primeiros passos, quero dizer minhas primeiras chamas de vida. Lentamente, eu apagava e acendia, apagava e acendia, sempre precisando de alguém para aumentar e diminuir o gás que me motivava a ir em frente.

Certo, dia, pendurada em uma rua antiga, de pedras, na época das cavalarias, fiquei no meu poste olhando as estrelas. Minha chama estava bem alta e ardente naquela ocasião.

De repente, um moço, alvo e sombrio ao mesmo tempo, fitou em minhas labaredas e seu rosto se iluminou. Foi quando acendi minha primeira paixão. Fui notada, enfim, no auge dos meus 18 anos. Mas, ele passou e fiquei meio quebrada, trincada de dor de amor. Outros passantes, aqui e acolá, brilhavam os olhos diante de mim. Por poucos dias, às vezes meses. Nada muito longo é um fato.

Até que um dia houve uma mudança drástica e inúmeras luzes nos substituíram. Eu estava velha. Fora de moda. Ninguém mais precisava de mim ou me queria. O gás já não dava conta de motivar minha chama. Meu fogo já não ardia. Estava virando mero depósito de cinzas. Apagada.

Senti as rugas de minhas rachaduras cada vez mais profundas, e eu cada vez mais fosca. Uma lamparina jogada num canto. Iria um dia para um museu? Alguém me resgataria do fundo daquele baú de tralhas? O que o destino me reservava? 

Eu, acompanhada

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