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(Solange Pereira Pinto). Portanto, ao utilizar algum deles cite a fonte. Obrigada!

sábado, 18 de novembro de 2023

Sem calor eu nada seria, mas com muito calor eu nada serei






Em um  vespertinar tórrido, onde o sol, inclemente, derramava seus raios abrasadores sobre a terra ressequida, deparei-me com a angústia do calor que, como um amante ciumento, envolvia tudo em sua ardente teia.

Sob o manto escaldante do astro rei, senti-me aprisionada, uma marionete do calor que dançava em meu entorno.

Oh, como desejava escapar dessa sinfonia de calor opressor! Minha pele, testemunha ora silenciosa, ora rachante, ansiava pela carícia fresca de uma brisa que teimava em se esconder.

O ar, espesso e impregnado de calor, prendia-se às minhas narinas como um sussurro sufocante, roubando-me a respiração, que tropeçava nas ranhuras secas de uma garganta tossinante.

Num devaneio, busquei refúgio sob a sombra fugaz de uma árvore quase ressequida, suas folhas murchas pingavam lamentos testemunhando a agonia da terra escaldante.

Ah, como desejei que uma tempestade revigorante descesse dos céus, lavando o mundo com suas lágrimas celestiais, e que eu, como uma náufraga da aridez, pudesse me banhar em sua salvação refrescante. Clamei aos ares!

Mas, ó leitor, permita-me partilhar contigo o paradoxo que permeia meu ser neste instante de sufoco: ainda que o calor me oprima, sinto-me uma devota da aprendizagem. Pois, sem calor, eu seria nada, talvez uma sombra desprovida de experiência, um vazio frio em meio à monotonia.

Ao que parece é o calor quem transforma farinha em bolo, água em chá, praia em agito, piscina em festa, cachoeira em refúgio. Não é só ardência cozinhando o cérebro.

É neste calor picante que a vida floresce, desafiando a natureza implacável. As risadas nervosas ecoam como sinos festivos em meio ao deserto escaldante, e a alegria estressada, como uma fênix ressurgindo das cinzas, ergue-se das dobras quentes do cotidiano. Pois, com muito fogo no ar, eu sou tudo – uma sinfonia vibrante derretente de risos e calor humano estendido perto do ventilador.

Porque, convenhamos, nada melhor do que suar em busca da iluminação pessoal, como se o Universo decidisse nos dar uma sauna grátis, porque sim, merecemos melhorar como seres humanos, né? Que a temperatura ardente seja nosso mestre zen, ensinando-nos a arte da paciência enquanto o suor escorre como uma obra de arte moderna.

Assim, deixo esta reflexão, ó leitor ansioso: em meio à fornalha da vida, é no calor que descobrimos nossa verdadeira essência, pois tudo derrete e resta o sumo. Só. Pó.



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